Ontem fui ao trabalho sabendo que o dia seria difícil. Meu chefe me mandou ir a um evento de turismo, mas sem nem pensar no trabalho que eu faço todo dia na redação. Então já sabia que quando voltasse ao escritório teria que correr para conseguir entregar o jornal sem atraso para a gráfica.
Cheguei às nove no lugar. Esperei na porta pelo meu chefe pois ele pediu que eu não entrasse sem ele. Era um dia de muito sol em São Paulo e estava difícil achar uma sombra. Uma hora e meia depois, ele chegou.
O evento era sobre Miami. Representantes de vários hotéis de luxo estavam lá, falando sobre todos os confortos e mordomias que brasileiros encontram em Miami.
No final do evento houve um sorteio. Duas viagens com acompanhante para Miami com estadia em um dos hotéis mais luxuosos de lá, e mais uma boa quantia em dinheiro para fazer compras.
Uns 15 jornalistas cobriam o evento, então, as chances de ganhar eram grandes. Eles sortearam cartões de visitas que todos nós colocamos em um cesto quando chegamos.
Retiraram o primeiro cartão. Não era o meu.
Retiram o segundo. Vi o símbolo do jornal onde trabalho. Várias coisas se passaram pela minha cabeça: vou viajar esse ano novo e toda essa correria de dois empregos vai ter valido a pena! Praia, bronze, novas roupas, tudo lindo, tudo resolvido.
Falam o nome do ganhador.... Era meu chefe....
E o raio de luz que iluminava o meu dia sumiu.
Abri um sorriso, bati palmas, tirei fotos do chefe recebendo o prêmio. Ainda existia a esperança de o chefe me dar as passagens, já que ele tem família morando em Miami, propriedades lá, e está sempre viajando. Mas, não.
Ele virou para mim e disse, muita sorte, não é? Concordei.
Acho que dinheiro atrai dinheiro. Essa é a única explicação.
Pelo menos a equipe do jornal cuidou da minha parte enquanto estava fora, deu tudo certo, o jornal saiu na hora. E mais tarde recebi a mensagem de um carinha que nem tinha esperança em encontrar mais. No final do dia eu estava sem viagem, mas feliz.
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