Os Likanantai e a colonização de hoje

Vista do Mirante do Coiote

Nestas férias de julho eu viajei para San Pedro de Atacama, no Chile. Lá, fui de bicicleta até Pueblo de Tulor, onde ficam as ruínas dos Likanantai, povo que ocupou aquela região antes dos espanhóis chegarem. Quem me disse isso foi Jaqueline, guia das ruínas, que identificava as raízes de sua família com a deste povo originário. O que ela explicou foi mais ou menos o que seguirá escrito aqui.

Ruínas do Pueblo de Tulor

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Vivo em uma terra

Onde meus avós construíram suas casas

Domesticaram vicunhas

Plantaram milho

Moro em uma terra que não é minha

Onde água hoje é escassa

E o milho já não mais cresce

E as vicunhas estão quase extintas

Ocupo uma terra cujos donos não nasceram aqui

Trouxeram seu credo, animais e comida

construíram suas igrejas em nosso solo sagrado

E exploraram nossa natureza, mãe, pai e filhos

Cresço onde já não posso mais viver

Não como a comida de meu povo

E tenho que trabalhar para os donos

E servir turistas que são proprietários nômades do meu pão

Minha história tentaram apagar

Mas os restos persistem

Chegará um momento quando de tanta exploração tudo será escasso

E todas as pessoas dependerão uma das outras para sobreviver

E não haverá mais donos

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E aqui vai uma música que conheci nesta viagem: Calle 13, Latinoamerica.

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Enquanto isso, aqui no Brasil, ficam mais escassas as possibilidades de conhecer os nativos do nosso território pelas suas próprias narrativas, já que ainda estão numa batalha sem fim para não morrerem. O governo atual limitou a criação de reservas novas para os territórios ocupados por eles em 1988, ano de nascimento da constituição vigente. Existem pelo menos dois problemas aí:

• Durante a ditadura militar, muitos povos originários foram forçados a abandonar seus territórios;


• Independente do ano, quem somos nós para dizer o que eles ocupavam ou não, já que tudo isso aqui que chamamos de Brasil era todo habitado antes de 1500?

Reflitamos.