Na última postagem, narrei o meu desconforto de ter acesso aos livros didáticos usados pelos alunos da turma da escola enquanto uma das alunas, a M, não tinha nenhum material em sua carteira. Era muito triste vê-la sem livros, cadernos, lápis e atividades. O seu dia escolar consistia em ficar brincando com a cortina da janela ao lado de sua carteira e conversar sozinha, já que os outros alunos a ignoravam ou a tratavam como uma bebê.
A impressão que tive foi que devido ao seu sotaque consideravam que ela não falava português, apesar de vir da Angola, país falante da língua portuguesa. Também a consideravam incapaz de aprender, pois ela era excluída de todas as atividade e dos reforços oferecidos aos outros alunos da turma que não estavam alfabetizados ainda.
Ser confrontado com este racismo naturalizado por toda a escola foi muito doloroso. A única forma de suportar a rotina do estágio foi agindo para tentar minimizar a violência sofrida por M.
No meu terceiro dia de observação, acompanhei a aplicação de uma prova de português, sondagens de alfabetização de dois alunos e conversei com a professora V sobre o aluno que ela mais deu bronca, o GC.